Para mim, tradição intelectual é um benefício inestimável. Significa não começar tudo de zero, mas sentir-se rico, desde o começo, do cabedal de trabalho, de pesquisa, que nos foi legado pelos que nos precederam. A tradição é um certo clima no qual nascemos para a vida do espírito. É o que nos permite inscrever nossos próprios talentos, nossos próprios esforços, nossas próprias pesquisas numa continuidade que os enriquece. Uma tradição é para a vida intelectual o mesmo que a fraternidade para nossos corações.
Sim, tradição é um benefício inestimável. Deve ser assim para o jovem estudante que entra numa comunidade que dispõe de uma tradição intelectual, como o é para uma criança que nasce numa família culta : antes mesmo de aprender a ler, essa criança já entra num certo clima, já respira um ar que vai facilitar sua entrada no mundo da cultura. Pude me dar conta e apreciar ainda mais esse benefício quando conheci províncias dominicanas de fundação mais recente, e que não beneficiaram antes dessa herança intelectual. É bonito e entusiasmante começar de zero uma fundação; mas é preciso muita inteligência, muito empenho e dedicação ao trabalho para superar essa lacuna.”
Fonte: Yves Congar, Une vie pour la vérité. Jean Puyo interroge le Père Congar, coleção « Les interviews », Ed. Le Centurion, Paris, 1975, p. 35 (tradução: Magno Vilela)
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