Revelação significa que Deus diz quem Ele é e propõe a aliança com seu povo. A resposta a essa proposta de Deus se chama FÉ. Portanto, só se pode fazer teologia porque, na fé e pela fé, acolhe-se a Revelação de Deus. O ato de fé parece simples, mas tem muitos componentes. Pode-se comparar a um cavaquinho. Esse pequeno instrumento musical tem apenas quatro cordas. Elas precisam estar afinadas, a fim de que o músico toque a melodia e anime a roda de samba. Assim como o cavaquinho, a fé cristã faz sua melodia com quatro cordas afinadas: a entrega a Deus, o conhecimento, o amor e esperança.
Em primeiro lugar, a fé consiste na atitude de confiar em Deus, entregar o coração a Ele, jogar-se em suas mãos em entrega amorosa. Isso não acontece de uma vez por todas, pois existe uma caminhada, um processo que acompanha a existência.
A fé significa ainda crer naquilo que Deus revela por meio de sua Palavra. Ao acreditar, o ser humano quer conhecer o conteúdo da revelação de Deus. Por isso, a fé, mesmo não sendo meramente racional, precisa da razão, da inteligência e do conhecimento. Deus se revela através de gestos e palavras, num determinado momento da história, de forma que o ser humano possa compreender. A Palavra Divina se manifestou em linguagem humana, com as limitações e condicionamentos que ela supõe. A revelação é continuamente reinterpretada, para alcançar o sentido original que Deus manifestou e assim atualizar sua mensagem.
A terceira corda da fé é a prática do amor, enquanto caridade e solidariedade: “Quem ama nasceu de Deus e conhece a Deus” (1 Jo 4,7). O amor é a forma mais direta de chegar a Deus, mesmo que a pessoa não creia nele ou esteja em uma religião equivocada. Para saber se alguém é do “time” de Deus, basta ver as ações e atitudes e analisar os valores que sustentam sua existência. Quem é “do Bem” age conforme o Bem: nas suas relações pessoais, no trabalho, na Igreja e na sociedade. A reflexão teológica leva os cristãos a refletir sobre o impacto de suas ações individuais e de suas práticas coletivas. A teologia não é somente um estudo teórico sobre a Bíblia e a doutrina cristã, e sim também uma bússola para o cristão atuar no mundo.
A quarta corda da fé diz respeito à Esperança, ao nosso futuro último e definitivo. Na Epístola aos Hebreus, se diz que: “A fé é um modo de possuir aquilo que se espera, é um meio de conhecer realidades que não se vêem ainda” (Hb 11,1). Quando cremos em Deus e estabelecemos relação com a Trindade, através do caminho que é Jesus Cristo, já estamos antecipadamente experimentando um “gostinho” da Eternidade. A Igreja de Jesus é peregrina neste mundo. Embora toque a verdade de Deus, faz isso sempre de forma provisória e imperfeita. O mesmo acontece com seu saber, que é a teologia.
A fé tem muitas dimensões, como um cavaquinho de quatro cordas que tocam afinadas: a adesão a Deus, o conhecimento, a prática do amor solidário e a esperança. A teologia leva em conta essas quatro dimensões da fé, mas se concentra sobretudo no conhecimento. Ela é o momento de dar razão àquilo que acreditamos. E ao conhecermos mais, podemos agir melhor, como lucidez e firmeza. Ao mesmo tempo, o teólogo proclama que Deus está além de todo saber humano. Conhecemos a Deus amando-o, servindo-o e reverenciando-o. Então, a teologia parte da fé e retorna à fé.
Amigos, parabéns pelo lançamento do livro “ A casa da Teologia”. Acabei de adquirir meu exemplar. Dei uma breve folhada, e achei o conteúdo muito bom. Até mesmo para pessoas com um certo conhecimento teológico, a obra é útil, pois relembra, de forma não cansativa, determinados assuntos esquecidos.
ResponderExcluirNo entanto, achei pequenas falhas no livro que gostaria de enumerá-las
1- Na página 24, Karl Barth é apresentado como sendo alemão e luterano. Tal informação é equivocada, pois Barth era Suíço e ligado a Igreja Reformada.
2- Na página 131, é afirmado que batistas brasileiros de orientação carismática encontram-se ligados a Convenção Batista Brasileira. Esta informação está errada, pois os batistas pentecostais pertencem a Convenção Batista Nacional.
Encerrando, creio que o livro peca ao considerar todo protestante histórico, no caso os membros de igrejas ligadas diretamente ao movimento reformatório do século 16, como reformado. O Termo reformado é usado, preferencialmente, para igrejas e grupos descendentes do pensamento de Zuinglio, Bucer, Calvino e etc.. Outra coisa, também não compreendi por que os presbiterianos, por exemplo, não estão no considerado grupo protestante histórico, mas sim no “ evangélico”. Já os metodistas, descendentes diretos do avivamento evangélico do século 18, são citados no mesmo patamar de luteranos e anglicanos. Convém lembrar que o termo presbiteriano é sinônimo de reformado, sendo usado nas ilhas britânicas, majoritariamente na Escócia, e nos países colonizados por britânicos.
André Tadeu de Oliveira
Caríssimos - especialmente Murad - saudades de Colatina - deixem-me fazer de coração um pequeno elogio desde a apresentação até onde puder "degustar", depois teço comentários osbre o conteúdo. Muito boa a apresentação, capa e distribuição dosn textos. Acho didaticamente perfeito e pelo tempo que não vejo você, Murad, parece que o ouço e vejo falar. Como aluno do Diaconato Permanente e só agora podendo estudar Teologia (aos 53), tudo que a vida vem ensinando a gente adentra a esta Casa, que, suspeito, já achei acolhedora. Pretendo no próximo encontro da turma do Diaconato sugerir este "lar". Vou postar mais depois e convido aos estudantes de Teologia, desde os mais novos aos como eu (especialmente o pessoal do Diaconato) a usufruir. Parabéns pooir enquanto pessoal. Abraço, Murad. Augusto Costa - Vitória - ES.
ResponderExcluirSou graduado em filosofia e pedagogia. Estou me decidindo quanto a fazer uma terceira faculdade de teologia. Conheci o autor , Afonso Murad, em um programa de pós graduação da PUC MINAS, no Youtube. Comprei o livro e estou gostando muito deste primeiro capítulo. Como disse, espero encontrar subsídios que indiquem um decisão quanto a fazer a graduação. Abraços.
ResponderExcluirFaço Seminário Teológico, STADEC, há mais ou menos 1 anos. Porém, a partir da leitura do obra comecei a ter uma visão correta do que é e do fazer Teologia, e mais da responsabilidade perante a igreja e a sociedade de ser um Teólogo. Sobre o livro, uma linguagem acessível, uma leitura de fácil compreensão. Meus parabéns pela obra e meu muito obrigado esta obra maravilhosa.
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ResponderExcluirExcelente livro! A leitura sobre fé e teologia me trouxe uma frase que ouvi ha um tempo e que marcou muito: Fé que pensa, razão que crê. Parabéns pelo trabalho!
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ResponderExcluirParabéns pela obra!
ResponderExcluirPela leitura da introdução e do primeiro capítulo eu faço as palavras do Augusto Costa as minhas, sinto-me em uma casa acolhedora, como se o próprio Anfitrião, o Espírito Santo trouxesse a "ciência da fé", necessária para limpeza das sujeiras que se confundem com a fé. Também ressalto a importância de tomarmos cuidado com o fundamentalismo que principalmente exclui o diferente.
Aos autores deixo o meu agradecimento pela contribuição desta obra.
Estou começando a ler o livro, que foi indicado pelo meu pároco Pe. Denis Crivelari, Paróquia Santa Luzia/Mococa SP. Estou amando, muito interessante o desenrolar do assunto, e nos impulsiona a procurar cada vez mais nos instruir nos assuntos de Deus como na Teologia, que aliás, estou cursando meu primeiro semestre pela UNINTER/Arquidiocese de Curitiba. Parabéns pela obra.
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